Júlia Maués com Anne-Marie Chartier, centro, e Ludmila Thomé de Andrade Profª FE-UFRJ, no Institute National de Recherche Pédagogique – INRP

De setembro de 2008 a março de 2009, a pesquisadora do grupo Julia Maués Correa, orientanda da Professora Angela Kleiman, realizou seu estágio de doutorado em LENS-LYON II, na cidade de Lyon – França, sob a coordenação do Professor Bernard Lahire, com bolsa CAPES – PDDE. Júlia fez um seminário com Lahire para discutir o pensamento de Pierre Bourdieu sobre a noção de habitus, mais precisamente sobre esquemas de disposições de habitus, aplicados às práticas escolares cotidianas. Bernard Lahire a encaminhou para uma discussão mais específica aplicada ao campo educacional com Anne-Marie Chartier do Service d’histoire de l’éducation – INPR – ENS. Essa co-orientação foi muito proveitosa uma vez que Chartier esteve muitas vezes no Brasil, (inclusive a convite da Universidade Federal do Pará (UFPA), em fevereiro de 2008) e conhece um pouco o ensino fundamental brasileiro e o território onde se passam as ações do contexto da tese de Júlia, na escola Sílvio Nascimento, localizada na periferia da cidade de Belém.

Bernard Lahire lhe passou a bibliografia mais recente de sua leitura das práticas de ensino sob a ótica sociológica e Chartier encarregou-se de orientar e examinar a metodologia e o tratamento dos dados de sua tese. “Anne-Marie Chartier foi extremamente receptiva, leu meu trabalho numa versão em francês, tomou conhecimento dos meus dados – apresentação do terreno da pesquisa, das entrevistas com as professoras, narrativas sobre formação de leitura etc.”, afirma Júlia.

Foram, ao todo, seis encontros, em que Júlia lhe apresentou e discutiu seus pontos de vista “teóricos” relevantes, relacionados a disciplinas diferentes – Lingüística e Sociologia.

A partir daí, a doutoranda reelaborou seu projeto, sistematizando uma metodologia de análise variada segundo os tipos de dados recolhidos (apresentação sócio-histórica do contexto do trabalho, análise sociológica do posicionamento social e escolar dos atores, análise do discurso dando lugar aos modos de enunciação institucional).

Para Júlia, “o estágio foi extremamente proveitoso porque pude avançar do ponto de vista descritivo para um ponto de vista argumentativo com mais rigor na metodologia de análise”.

A pesquisadora brasileira ainda teve a oportunidade de participar de seminários dentro do INPR (foto acima), com os pesquisadores da área de Educação e Linguística de outras regiões da França e trocar informações e experiências com professor Bernard Lahire, considerado hoje na França, o continuador da obra de Pierre Bourdieu.