Na celebração do Dia da Consciência Negra – 20 de novembro –, o Centro de Documentação e Memória da UNESP (CEDEM) promoverá um debate sobre a obra “Rebeliões da Senzala”, de Clóvis Moura (1925 – 2003).

A obra do sociólogo, publicada em 1959, se destaca pela visão peculiar do negro em relação à que os estudiosos da geração do autor apresentavam. No lugar de estudar o lado etnográfico e folclórico, Clóvis Moura centrou sua pesquisa no fator histórico para explicar o negro no Brasil. “Rebeliões da Senzala” analisa as principais formas de resistência dos escravos, como os quilombos, as insurreições e guerrilhas que, ao contrário do que muitos pensavam sobre o “negro dócil”, mostram como tais lutas foram persistentes e duradouras, estendendo-se até a abolição da escratura.

O evento será realizado na quinta-feira do dia 19 de novembro, às 18h30, no CEDEM-UNESP, e terá, como debatedores, Soraya Moura, filha de Clóvis Moura e pesquisadora e coordenadora de projetos do Memorial do Imigrante, e João Baptista Borges Pereira, presidente da Comissão Permanente de Políticas Públicas para a População Negra da USP.

O debate constitui uma importante discussão na celebração do dia 20 de novembro, dedicado à reflexão da inserção do negro no Brasil. A data, que até então era comemorada em alguns estados do país (por volta de 360 municípios) tornou-se feriado Nacional a partir da aprovação do projeto de lei da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ao final de novembro de 2008. A data, ao rememorar o assassinato de Zumbi dos Palmares, evoca a luta e resistência negra diante da escravidão, contrapondo-se à comemoração da libertação dos escravos, em 13 de maio, data que representou, por muito tempo, a redenção dos escravos.